A noite fria da terça-feira, 13 de junho, marcou a realização de mais um evento da Cooperoque para seus associados. Desta vez, a organização ficou por conta do Setor de Laticínios que promoveu duas palestras e um jantar para os associados produtores de leite da Cooperoque. A sensação térmica de 5º não impediu que grande número de associados participasse da programação, que abordou e discutiu o Programa Mais Sólidos e o Smartcoop.

O Presidente Delmar Limberger ficou responsável pela abertura, agradecendo a presença de todos e falando da importância dos assuntos temas das palestras, enfatizando os benefícios do SmartCoop, uma plataforma construída pela CCGL com apoio da Fecoagro, que visa informatizar processos de associados das 29 cooperativas participantes.

Primeira palestra: O que os sólidos do leite podam nos contar

Na sequência da programação, Ângelo Tamiozzo - Coordenador do Programa de Sólidos de Leite da CCGL - abordou o programa que visa transformar a remuneração da produção leiteira. Os estudos iniciaram em 2017 e apenas 5 anos depois, em 2022, o programa passou a vigorar. Na prática, para a indústria, o que importa do leite é o teor de sólidos. Segundo Ângelo, 12,5% da composição do alimento é de gorduras, proteínas, lactose e minerais. Todo o restante, ou seja 87,5%, é água. Pensando desta forma, existe mais sentido remunerar os produtores pela quantidade de sólidos presentes no leite do que pelo volume (que até então era o único parâmetro de remuneração).

A premissa principal para o desenvolvimento do programa “Mais Sólidos” é aumentar a eficiência da cadeira produtiva. Para um leite com maior percentual de utilização da indústria, diversos fatores são considerados, dentre quais se destacam a raça dos animais, a alimentação, manejo, estresse de diversas ordens (especialmente térmico). Para o coordenador do programa, a maioria das práticas que farão aumentar os sólidos no leite, tem nenhum ou baixo custo para os produtores: “As melhores oportunidades estão nas ações simples”, ponderou.

A ideia do projeto é realizar uma migração gradativa no esquema de remuneração. Neste primeiro ano, o pagamento do leite seguiu a lógica de 90% pelo volume em litros e 10% pelo peso dos sólidos. A cada ano o volume deverá representar menos e os sólidos mais para a precificação da produção. Neste primeiro período, mais de 70% dos associados da Cooperoque foram beneficiados, tendo maior remuneração pela sua produção pelo sistema de sólidos, com ganho médio de 2 centavos por litro, com tetos de até 5 centavos.

Segunda palestra: Smartcoop - conectando o produtor com o agro do futuro

A segunda palestra abordou o Smartcoop através da explanação da Engenheira Agrônoma e integrante do grupo de trabalho e desenvolvimento da plataforma, Fernanda Damiani Toledo.

Concebida para ser um democratizador de informações, a plataforma SmartCoop, que é uma aplicação focada em agricultores cooperados através das 29 cooperativas participantes da CCGL, já tem mais de 9.000 usuários ativos em todo o Rio Grande do Sul. Com mais de 478.000 hectares de área mapeada, o sistema visa empoderar os produtores com indicadores que possibilitam a gestão completa das propriedades: “não importa o tamanho da propriedade, todos tem acesso aos mesmos recursos”, salientou Fernanda.

Fernanda fez uma ligação com a palestra anterior, demonstrando aos associados presentes alguns dos recursos que já estão em operação no sistema, que pode ser acessado pelo computador ou celular, que visam oferecer informações para quem produz leite. Com informações em tempo real sobre produção entregue, volume de sólidos e a possibilidade de inserção de informações sobre manejo geral da propriedade (inclusive com os animais), a ferramenta realiza o cruzamento de informações para oferecer ao associado indicadores gerenciais, além de sugestões de manejo e procedimentos a serem adotados. Tudo isso, tem como objetivo otimizar a atuação e buscar melhores resultados para a cadeia produtiva.

O acesso ao sistema é gratuito para os associados e quem ainda não possui usuário vinculado, deve procurar o departamento técnico da Cooperoque.

Encerramento

Ao final das palestras, o coordenador do setor de Lácteos, Leandro Sauer, apresentou informações que retrataram o panorama atual do setor em relação ao seu começo - no ano de 2007. Apesar da redução de 80% no número de produtores (de 250 para 49), a produção mensal saltou de 750.000 para 1.152.806, aumento superior a 50%. A média de produtor/dia era de 100 litros e hoje o volume se aproxima de 900 litros/produtor/dia.

Mauro Rech, Diretor Administrativo da Cooperoque, ficou responsável por apontar as ações que a cooperativa realizou nestes 16 anos que visaram o fortalecimento e a consolidação da cadeira produtiva de leite. No que caracterizou como “Apoio financeiro à atividade”, Rech mostrou que, somente nos últimos 5 anos, a Cooperoque investiu mais de R$ 4.350.000,00 em crédito e financiamento para que produtores seguissem e ampliassem a sua atividade além de 1.100.000,00 de retorno no período, creditados mensalmente à ordem de 5% sobre as compras na agropecuária, para custear as despesas de contratação de médico veterinário.

O Superintendente Elmar Stracke também esteve presente e realizou o encerramento da noite, afirmando que a Cooperoque sempre esteve ao lado do produtor de leite e da mesma forma permanecerá atento às necessidades destes associados. Stracke abordou que mesmo nos momentos em que o setor enfrentou as maiores adversidades, os associados tiveram todo o apoio da cooperativa. Elmar também enfatizou o SmartCoop, afirmando que a plataforma não é a solução tecnológica do futuro e sim uma realidade no presente, convocando aos associados que passem a utilizar mais da ferramenta para o bem de suas atividades.

A noite foi encerrada com um jantar para os presentes, que seguiram em diálogo com os diretores da cooperativa e os palestrantes do evento.