O evento promovido pelo Departamento Técnico da Cooperoque na noite de quinta-feira, 29 de fevereiro, na Afucoper, reuniu um grande número de associados em torno do tema central: a construção da produtividade por meio da qualidade do solo. Os Doutores Tiago Horbe e Geomar Corassa, da RTC/CCGL, foram os palestrantes responsáveis por abordar a relevância do preparo do solo e as técnicas de manejo necessárias para garantir sua alta produtividade e resiliência frente aos desafios climáticos do estado.

Durante a palestra, os pesquisadores apresentaram dados históricos e resultados de estudos realizados pela RTC, destacando que no Rio Grande do Sul é comum a ocorrência de chuvas abaixo da média, além da previsão de aumento das temperaturas. No entanto, enfatizaram que o clima representa apenas metade do sucesso na produção agrícola, sendo possível amenizar esses desafios com um manejo adequado do solo.

O manejo e a escolha das variedades foram apontados como variáveis cruciais sob controle do agricultor, com a ressalva de que um manejo eficaz pode salvar a produtividade, mesmo em condições climáticas adversas. Os pesquisadores destacaram que o desenvolvimento de raízes profundas é fundamental para o bom desempenho das plantas, apresentando fatores físicos e químicos que influenciam nesse processo.

Um dos pontos abordados foi a compactação do solo, que pode reduzir a capacidade produtiva da lavoura em até 39%. Destes, apenas 8% seriam perdidos por disponibilidade de água, e os demais 31% por acesso à água.

Outro dado apresentado, é de que estudos comprovam que a camada mais fértil das lavouras está presente nos centímetros superiores. Com um manejo inadequado, as chuvas podem lavar a terra e levar dela justamente a parte onde se concentram os nutrientes.

Além disso, ressaltaram a importância da análise de solo para uma correção precisa, indicando que uma adubação baseada na média apresenta apenas 35% de assertividade, levando a desperdícios de nutrientes em algumas áreas e deficiências em outras.

Números apresentados demonstram que a média de aplicação de calcário por hectare/ano no estado é de apenas 480Kg, quando o ideal seria de 1.300Kg para acompanhar os crescentes aumentos de produtividade. Ainda sobre o calcário, apresentaram dados dos campeões mundiais de produtividade, que concluem que o calcário possui o melhor retorno sobre o investimento.

Resumindo as informações apresentadas, os pesquisadores fizeram uma analogia com o sistema de solo e uma caixa d’água. A tampa seria a palhada resultante de uma rotação de cultura adequada, cujo papel é de inibir a perda de nutrientes, a conservação da umidade do solo imediatamente superior. O solo mais profundo seria a reserva hídrica. Quanto mais o solo proporcionar um desenvolvimento de raízes profundas, maior o poder da planta de suportar períodos sem chuvas. Em números, raízes de 15 a 25cm suportam até 10 dias; 30 a 50cm, 15 dias; e 60 a 100cm, até 25 dias sem chuvas.

Finalizando a palestra, os pesquisadores apresentaram os desafios do agricultor que desejar manter-se na atividade: pensar solo, manejo, renda, futuro e gestão.

Ao término da palestra, os pesquisadores foram homenageados pelos líderes da cooperativa, e as mulheres presentes receberam uma cadeira dobrável personalizada como forma de reconhecimento pelo Dia Internacional da Mulher. O evento encerrou com um convite para integração e jantar oferecido pela cooperativa.