No dia 20 de outubro de 2017, a equipe técnica do departamento de leite, da Cooperativa, esteve visitando duas propriedades, com intuito de aumentar o conhecimento técnico científico e profissional.. A primeira propriedade visitada foi a Granja Alvorada, localizada em Carazinho, pertencente ao médico veterinário e parceiro DMS/TORTUGA, Francisco Van Riel e seu irmão André Van Riel. A granja Alvorada trabalha com o sistema de ciclo completo.

Fases do ciclo:

• Criação da Terneira: O fornecimento de colostro acontece logo após nascimento da terneira, a quantidade fornecida é de 2 litros, temperatura de 36 Cº. O colostro bovino consiste em uma mistura de secreções lácteas e constituintes do soro sanguíneo, principalmente imunoglobulinas e outras proteínas séricas que se acumulam na glândula mamária durante o período final de gestação (BOVINOCULTURA LEITEIRA, 2010). O colostro de vaca fornece à terneira seus primeiros anticorpos, barreira contra infecções, além de energia e reservas importante de vitaminas e minerais. Sem contar com o efeito laxativo que ajuda o jovem animal a eliminar o mecônio. Após sete dias de nascimento, as terneiras vão para um sistema de alimentação automático, o leite para sua alimentação é liberado conforme idade e peso do animal e o fornecimento de volumoso e concentrado é a vontade. A água é fornecida duas vezes ao dia, quantidade de dois litros. Desmame das terneiras é realizado com peso médio de 110 kg.

• Recria: A recria é realizada em um sistema de semiconfinamento, recebem alimento volumoso e concentrado no cocho e tem a disposição piquete com pastagem perene. Permanecem nessa fase até atingir 330 kg (ocorre inseminação e ficam no sistema de recria até 60 dias antes do parto). Criar fêmeas destinadas à reposição de matrizes produtoras de leite tem sido uma tarefa onerosa e desafiadora para a grande maioria dos produtores de leite, inclusive fazendo com que alguns terceirizem essa atividade, ou até mesmo comprem novilhas já aptas a parir, uma vez que essa categoria animal representa a segunda maior despesa na atividade leiteira, representando aproximadamente 20% das despesas operacionais, ficando atrás apenas da alimentação das vacas em lactação. Além disso, elas ocupam uma área considerável dentro da propriedade, área essa que poderia ser destinada a animais em fase de produção de leite. Se a atividade de recria é realizada de forma organizada ela desempenhará um papel positivo dentro da propriedade, trazendo lucratividade para a atividade.

• Pré-parto: A propriedade trabalha com um período pré-parto de 30 dias e período seco com 60 dias, dieta baseada em fibra. Este período é muito importante para que a glândula mamária (células da glândula) se regenere e a vaca tenha uma lactação normal, ou seja, expresse todo o seu potencial de produção de leite, desde que a alimentação não limite o processo. A alimentação no pré-parto deve ser feita de maneira diferente para novilhas e vacas gestantes. A novilha gestante, independentemente da raça, deve atingir peso adequado ao parto. Chama-se a atenção que este peso é o fator mais importante para se atingir o máximo potencial de produção de leite.

• Lactação: Animais em lactação são manejados em sistema de semiconfinamento, fornecimento de volumoso (silagem) e concentrado no cocho, piquetes de pastagem. O fornecimento de alimento concentrado é controlado pela média de produção diária. Hoje se encontram em lactação 212 vacas, tendo uma média de 34.3 litros/leite/dia em três ordenhas diárias. Em um sistema de alimentação para vacas em lactação é necessário considerar o nível de produção, o estágio da lactação, a idade da vaca, o consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, tipos e valor nutritivo dos alimentos a serem utilizados. O estágio da lactação afeta a produção e a composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal.

     Em Vitor Graeff, visitamos a Granja Hortência da propriedade do senhor Augusto Hoffstardter. Hoffstardter é formado em medicina veterinária e desenvolve a atividade leiteira a 22 anos. Atualmente, possui 128 vacas em lactação e trabalha com o sistema de confinamento total, usando a tecnologia do compost barn. O Compost Barn consiste em uma grande área coberta de descanso para vacas leiteiras, geralmente revestida com uma cama de serragem, aparas de madeira e esterco compostado, e seu princípio básico de funcionamento é a compostagem desta cama. O principal objetivo é proporcionar aos animais, um local confortável e seco durante todo o ano. Alguns produtores que utilizam o sistema relatam inúmeras melhorias como, maior conforto para as vacas, além de terem vacas mais limpas, redução de problemas de perna e casco, diminuição da contagem de células somáticas (CCS), aumento da detecção de cio, aumento na produção de leite, menor odor e incidência de moscas, além de melhores condições de trabalho aos produtores (IEPEC, 2016).

    Augusto ressaltou que no sistema de semiconfinamento tinha uma produção média de 26 litros/vaca/dia, quando mudou o sistema suas vacas foram para uma produção média de 35 litros/vaca/dia, sem alteração de dieta. No inverno chegou a ter média 41 litros/vaca/dia. A cama do compost barn já está sendo usada por dois anos e meio, e para manter a qualidade da cama o produtor trabalha com revolvimento da cama uma a duas vezes por dia e reposição de maravalha nova quando necessário. Vale ressaltar, o compost barn exige cuidados e observações de orientações técnicas para que sejam obtidos resultados positivos do ponto de vista produtivo e econômico.